segunda-feira, 4 de maio de 2015

Descartável

Tudo é tão descartável... os móveis são frágeis, os eletrodomésticos são feitos para durar menos. Roupas são descartáveis, celulares são descartáveis, e então, pessoas se tornam descartáveis também. É uma epidemia : jogar fora tudo quando convém. Relacionamentos são lenços de assoar nariz. Se começa um, o amor é infinito, enquanto dure. Próximo mês, próximo amor, o outro não satisfazia certas necessidades, não tinha outras qualidades. E o descarte vai seguindo, assim como troca de casa ou troca de emprego.



Vim da moda antiga. Quebrei meu celular, tudo bem, paguei caro pelo conserto, mas ele continua bom para uso. Cresci pensando que a gente sempre pode tentar consertar algo que está quebrado, porque ainda tem destino, ainda tem uso. Cresci pensando que uma amizade ou um namoro pode ser reatado por um perdão. Por uma tentativa mútua de amadurecimento. Concordo que em certos casos, não se tem mais nada a fazer a não ser esquecer, mas tudo tem um jeito (meu pai me tranquilizou tantas vezes com essa frase), basta entendimento, respeito. Mas exige esforço, como citei antes, mútuo.

É mais fácil procurar outras tecnologias, outros abraços, outras vivências, ao invés de reparar algo que poderia ter tido um destino muito bom. E nessa bagunça, de tanto mudar, a gente vai perdendo pouco a pouco quem somos. Vai perdendo o DNA próprio para se adequar a outros mundos, a outras realidades, só para não se sentir sozinho.



Nesse caos todo, a solidão veio de cara feia bater na minha porta, mostrar quem eu sou de verdade. Só quem tem coragem abre a porta, a abraça, e a acolhe. E tenta se consertar. O que mais ela me ensinou ? Verdade, eu pertenço sim aos velhos tempos. Mas que, particularmente, não vale a pena se descartar por alguém que te deixou para trás. Vale mais a pena se aperfeiçoar.







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